Ao abrigo da Lei de Imprensa (artigos 24º a 27º), a Ur’Gente, Associação de Utentes de Saúde de Porto de Mós, solicitou à Direção do jornal O Portomosense a publicação do seguinte direito de resposta sobre entrevista a uma médica não identificada inserta na página 10 da edição de 27 de junho de 2023 daquele jornal.
A Ur’Gente não se revê na afirmação desta médica anónima quando imputa à associação parte da responsabilidade pela pressão que os médicos da UCSP de Porto de Mós estão a sentir — um dos motivos alegados para ter abandonado o seu posto. Compete-nos informar que conversamos regularmente com a coordenação da UCSP e estamos juntos na luta por melhores cuidados de saúde. Tomamos até algumas iniciativas consentâneas com as nossas atribuições como associação de utentes, na tentativa de aliviar a pressão junto dos profissionais de saúde, tais como a promoção de um pequeno concerto musical a eles dedicado no Dia Mundial da Saúde, realizado nas instalações da UCSP, cujos músicos eram jovens utentes da escola da Banda Recreativa Portomosense, assim como temos em curso, — com conhecimento prévio da coordenação da UCSP —, uma campanha de prevenção da violência verbal e física exercida sobre os profissionais de saúde sob o lema “Respeita quem cuida”, etc.
Conhecemos bem os desafios que se colocam a qualquer médico que venha para a nossa UCSP. Parte do diagnóstico que esta médica anónima aflora é injusto e outra parte verdadeiro e por nós conhecido… lamentamos, contudo, que enuncie o diagnóstico e vá à sua vida sem tratar o “doente”.
Na verdade, dentro da escassez generalizada de médicos de Medicina Geral e Familiar, a falta de candidatos à UCSP de Porto de Mós deve-se sobretudo ao modelo de gestão antiquado e mal pago que aqui vigora. Os números comprovam-no: é assim em Porto de Mós como na grande maioria das localidades onde ainda existem Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados. Não se soube ou não se quis implementar reformas a tempo e horas na nossa Unidade de Saúde atualizando o seu modelo de gestão.
Ficámos, assim, irremediavelmente para trás e agora é necessário atalhar caminho e adotar urgentemente o modelo de gestão do presente, que é mais atrativo para os jovens médicos quer em termos remuneratórios quer em termos de perspetivas de realização profissional.
Desafiamos por isso, os atuais profissionais da UCSP a abraçarem definitivamente a mudança e constituírem uma Unidade de Saúde Familiar, modelo B, de excelência, geradora de atratividade para novos médicos e ganhos significativos para todos, utentes e profissionais de saúde. Com esta iniciativa arrojada a nossa Unidade de Saúde e o Concelho ficariam em “igualdade de armas” nos concursos nacionais de colocação de médicos.
É bom lembrar que apenas os profissionais de saúde podem propor-se constituir equipas e mudar o sistema de gestão da nossa velhinha e inoperante UCSP para uma moderna e funcional USF.
Por nós, essa mudança já teria acontecido há 17 anos…
A Direção