Carta dos médicos pede medidas para captar profissionais

Os médicos coordenadores das unidades de cuidados de saúde primários da região de Leiria enviaram uma carta ao Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde para apelarem à elaboração de uma estratégia regional para a captação de novos médicos.

A carta foi assinada por 26 coordenadores em representação das equipas de outras tantas unidades de saúde. As USF Novos Horizontes e Aire e Candeeiros também assinaram a missiva.

O que diz a carta?

“É urgente pensar-se em estratégias para fixar os médicos que temos e evitar que continuem a rescindir contrato, bem como estratégias para atrair médicos para a nossa ULS”, refere a missiva.

Os coordenadores signatários reconhecem que nos últimos concursos para colocação de médicos “inúmeras vagas ficam por preencher” na ULS, quer nos cuidados de saúde primários, quer em especialidades hospitalares e defendem a necessidade de se fazer uma reflexão “sobre as razões para os jovens médicos não verem Leiria como um local apelativo para a sua formação e/ou carreira”.

Segundo os subscritores do documento, a ULS da Região de Leiria está “entre as que têm maior número de utentes sem médico de família” e temem que “este cenário possa vir a agravar-se dada a progressiva insatisfação” destes profissionais. 

Já em 7 de junho, o presidente da ULS Região de Leiria havia dito às associações de utentes com quem se reuniu (Ur’Gente incluída) que “22% da população não têm médico de família e 19% não têm médico assistente”, além de que há um défice de 100 médicos especialistas nas unidades hospitalares de Leiria, Pombal e Alcobaça. 

Se nada for feito, os coordenadores preveem “um possível aumento do número de utentes sem médico de família, sem controlo das suas doenças crónicas, sem atuação ao nível da prevenção da doença e na promoção da saúde”, situação que deixa a Ur’Gente muito apreensiva.
O documento pode ser consultado AQUI.

 

Que estratégia adotar para captar médicos?

O nosso Município tem sido imaginativo na tentativa de encontrar formas de cativar médicos criando um pacote de incentivos municipais como a oferta de cheque mensal de 600 euros e outras ofertas. Também a Ur’Gente, em colaboração com o Município, realizou um exercício de empatia para com os jovens médicos a que chamou “Uma Aventura em Porto de Mós”. Ambas as iniciativas não obtiveram ainda qualquer resultado prático.

Por outro lado, a Ur’Gente solicitou ao Presidente do Conselho de Administração da ULS Região de Leiria, Dr. Licínio de Carvalho, em reunião realizada em 7 de junho (ver noticia AQUI), uma avaliação destas medidas adotadas por alguns municípios. A resposta foi taxativa, afirmando que estas iniciativas são “pouco eficazes, não funcionam e até são um pouco perversas”, acrescentando que “a fazer-se alguma coisa, teria que ser algo consertado regionalmente”, mas não assumiu qualquer compromisso nesse sentido.

A carta dos coordenadores das unidades de cuidados de saúde primários agora tornada pública é, assim, mais um passo que poderá permitir a autarcas e administração de saúde “afinarem” o modelo de incentivos tornando-o mais próximo dos desejos e ambições daqueles que pretendem cativar. 

Como cativar 4 médicos para Porto de Mós?

Esta é a pergunta cuja resposta ninguém tem. Apesar de estarmos bem melhor em termos de acesso aos cuidados médicos, ainda nos faltam 3 médicos na UF Aire e Candeeiros e 1 médico na USF Novos Horizontes. O número de médicos que nos acolhe e trata em consulta é ainda insuficiente para as nossas necessidades.

A Ur’Gente sabe que foram abertas 5 vagas para a nossa terra no concurso nacional que está a decorrer (uma vaga a mais do que as nossas necessidades na esperança de um “milagre”, mas as expetativas são muito baixas).

Apesar dos progressos que temos obtido, sobretudo desde janeiro, muito à custa da reforma no SNS em curso, mas também fruto da vontade e empenho do executivo municipal e dos profissionais de saúde que prestam serviço nas nossas Unidades de Saúde Familiares, há ainda muito a fazer para que os médico portugueses se sintam atraídos e motivados para virem prestar cuidados de saúde na nossa terra. Num país com uma grave escassez de médicos, todos somos responsáveis em tentar cativar alguns deles e manter os que escolheram a nossa terra. Com imaginação, boa-vontade e escolhas acertadas, vamos certamente conseguir ser, num futuro próximo, um Concelho com melhores cuidados de saúde para todos.

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