Está a ser difundida nas redes sociais uma mensagem que aconselha a ingestão de água e gargarejos com sal ou vinagre como forma de combater o Covid-19.
Entre as muitas alegadas medidas de prevenção contra o novo coronavírus que estão a circular na rede, encontra-se esta:
O apelo à partilha da mensagem porque “você pode salvar alguém” leva a que muitos cidadãos façam a partilha de forma mais ou menos irrefletida. Mas vamos ao conteúdo da mensagem.
Antes de mais, convém saber que a COVID-19 se transmite através de gotículas libertadas pelo nariz ou boca quando tossimos ou espirramos, que podem atingir diretamente a boca, nariz e olhos de quem estiver próximo. Essas gotículas, não atingindo diretamente ninguém, podem depositar-se nos objetos ou superfícies que rodeiam a pessoa infetada. Por sua vez, outras pessoas podem infetar-se ao tocar nestes objetos ou superfícies e depois tocar nos olhos, nariz ou boca com as mãos, conforme esclarece a DGS.
É, portanto, errado dizer que a doença “permanece na garganta por quatro dias”, como é referido na mensagem. Relativamente à tosse e dores de garganta, apenas o primeiro se apresenta como um sintoma recorrente. A dor de garganta não é tão-pouco referenciado como sintoma (febre, tosse e dificuldade respiratória).
Sobre os efeitos da água no novo coronavírus, um conselho que tem sido partilhado nas redes sociais (segundo o Jornal de Notícias, tem sido divulgada a informação de que beber água de 15 em 15 minutos faz com que o vírus seja eliminado pelos ácidos do estômago), não existe qualquer evidência científica de que assim seja. Além disso, beber água não se encontra entre as medidas de prevenção e contenção divulgadas pelas autoridades de saúde competente.
Da mesma forma, aquecer a água ou acrescentar-lhe sal e vinagre, não tem qualquer efeito sobre a Covid-19. É essa a opinião de vários especialistas ouvidos pela agência de notícias France-Presse que, em Espanha, também se deparou com a mesma mensagem nas redes sociais. No Brasil, onde a alegada medida de prevenção também circula, Luciana Costa, diretora adjunta do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, esclareceu que o vírus que está na garganta permanece dentro das células e que, por essa razão, água morna com sal nunca poderia ter qualquer efeito. “Não adianta gargarejo, água quente, vinagre. Pode até piorar um quadro, porque esse ácido, por exemplo, do vinagre, acaba irritando a mucosa”. Interrogado sobre esta questão para a revista brasileira Veja, Helio Bacha, infetologista em São Paulo, Brasil, comentou: “Vinagre é bom na salada. Não existe qualquer indício científico da eficácia do vinagre como antissético”.
Não existe qualquer indício científico de que a ingestão de água em grandes quantidades ou aquecida com vinagre ou sal pode ajudar a eliminar o novo coronavírus do corpo.
[Fontes: O Observador e outras já referidas no texto.]
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